Trabalhando com Laravel, uma coisa que sempre chama atenção é o uso do Active Record, principalmente através do Eloquent ORM. Ele é rápido, fácil de entender e ajuda muito quando estamos começando ou quando o projeto não exige tanta complexidade. Mas, ao longo do tempo, fui percebendo algumas limitações desse padrão — e é sobre essas ressalvas que quero falar aqui
O que é o Active Record?
De forma simples, o Active Record associa cada modelo a uma tabela do banco de dados. No Laravel isso é bem direto:
class User extends Model {
// Representa a tabela "users"
}
O mesmo objeto que representa os dados também salva, consulta e até aplica regras de negócio. É aí que começa a dor de cabeça.
Onde mora o problema?
O Active Record acaba concentrando responsabilidades demais em uma única classe. Só para citar:
- Representação da tabela no banco;
- Persistência de dados (save, update, delete…);
- Regras de negócio;
- Relacionamentos;
- Até formatação e transformação de dados em alguns casos.
Ou seja, ele quebra facilmente o princípio do Single Responsibility (SRP) do SOLID.
Problemas que já vi na prática
- Testes complicados – Como o modelo já nasce acoplado ao banco, fica difícil criar testes realmente unitários.
- Acoplamento forte – Se um dia precisar mudar a forma de persistência, é retrabalho na certa.
- Classes enormes – Muitos modelos acabam virando verdadeiros “deuses” com centenas de linhas.
- Mistura de papéis – O mesmo objeto serve para consulta simples e também para lógica pesada de negócio.
Quando o Active Record é bom
Não é que seja ruim. Pelo contrário, em projetos pequenos ou médios ele acelera muito. A curva de aprendizado é baixa, a produtividade é alta e, para times menos experientes, é um baita aliado.
Caminhos alternativos
Em sistemas mais complexos, eu já prefiro adotar alguns padrões complementares:
- Repository Pattern: separa persistência dos modelos.
- Service Layer: coloca as regras de negócio em serviços dedicados.
- Data Mapper (ex: Doctrine): para casos em que se quer flexibilidade total entre modelo e banco.
Conclusão
O Active Record do Laravel é uma ferramenta poderosa. Mas não podemos esquecer: quanto mais responsabilidades jogamos em uma única classe, maior o risco de dor de cabeça lá na frente.
Por isso, minha dica é simples: use com consciência. Em projetos pequenos ele é perfeito, mas em cenários maiores, separar responsabilidades é quase obrigatório para garantir manutenibilidade e evolução no longo prazo.